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Março amarelo é o mês de conscientização mundial sobre endometriose

 


                                                                                    foto Karolina Grabowska

 

Março amarelo é o mês de conscientização mundial sobre endometriose

 

Sem causa definida, mais 7 milhões de brasileiras vivem com a condição; especialista aborda a importância dos tratamentos clínicos e cirúrgicos

 

Cerca de 10% das brasileiras são acometidas pela endometriose, de acordo com o Ministério da Saúde. O cirurgião ginecológico do Hospital Brasília Alexandre Brandão alerta para a importância de continuar o tratamento mesmo durante a pandemia do novo coronavírus.

De acordo com o médico, a endometriose é uma doença que precisa de acompanhamento. “Na maioria das vezes o tratamento é clínico. Porém, há casos em que a cirurgia é necessária, como, por exemplo, quando há acometimento de outros órgãos. Entretanto, somente com a avaliação clínica é possível saber”, explica.

Durante o período de isolamento social, muitas pacientes vêm deixando os tratamentos clínicos por medo de contrair a covid-19. “Mesmo vivendo um momento complicado, não podemos deixar de cuidar da nossa saúde. Inúmeras pacientes deixaram de seguir o tratamento e apresentaram uma piora no quadro clínico”, lamenta.

O médico ainda reforça que a endometriose é uma doença causadora de sofrimento às mulheres e precisa ser tratada de maneira adequada. O resultado é uma vida com bloqueios, estresse em níveis altos e até depressão. Março é comemorado o Mês Mundial de Conscientização sobre a Endometriose, que afeta aproximadamente 7 milhões de brasileiras, segundo a Associação Brasileira de Endometriose.

O que é a endometriose?

Formada pelo tecido interno do útero, o endométrio, a endometriose é uma doença inflamatória crônica caracterizada pela presença de endométrio fora da cavidade uterina. Ela acomete os ovários, a bexiga e, em alguns casos, pode acometer o intestino.

Os principais sintomas são: cólica menstrual incapacitante, dor na relação sexual, dor para evacuar/mudança do ritmo intestinal e dor ao urinar. Esta última pode, inclusive, ser confundida com infecção de urina. Além dos sintomas desconfortáveis, a endometriose pode ser uma das causas de infertilidade.

Existem cinco tipos de endometriose: a de parede abdominal, a ovariana, a peritoneal, a profunda e a extra-abdominal.

Exames para detecção

Os principais exames para detectar a endometriose são a ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal e a ressonância nuclear magnética da pelve. De acordo com a médica ginecologista, ultrassonografista e especialista em endometriose, do Exame/Dasa, Ana Glauce, ambos são exames com excelente sensibilidade e especificidade para a detecção da doença.  

“Quando feito por um profissional experiente, os dois exames podem levar ao diagnóstico. A avaliação das estruturas posteriores ao útero (alças intestinais), por exemplo, são melhores caracterizadas pelo exame de ultrassonografia com preparo intestinal, já que é possível manipular facilmente as alças com o transdutor endocavitário – aparelho de ultrassom que pode ser introduzido tanto na vagina como no reto. Segundo a médica, demais estruturas pélvicas também são facilmente estudadas com o transdutor, desde que haja um bom preparo intestinal (limpeza do intestino) e um profissional experiente no exame.

Já a ressonância nuclear, de acordo com a médica especialista, pode complementar o diagnóstico em relação a pequenas lesões ovarianas que, em alguns casos, passam despercebidas na ultrassonografia, já que permite a visualização com detalhe das estruturas pélvicas. “Se realizado por alguém experiente, esse exame pode chegar a um resultado semelhante à ultrassonografia. Mas vale lembrar que é super importante fazer os exames com profissionais qualificados e ter um bom preparo intestinal em ambos, pois, assim, a visualização das camadas da parede do órgão se torna muito mais fácil e aumenta a sensibilidade do exame”, explica a média.

Tratamento

O ginecologista afirma haver duas formas de tratamento: a clínica e a cirúrgica. No tratamento clínico, algumas das opções são: bloqueio hormonal, que visa a parar a menstruação e assim aliviar as pacientes com a condição; fisioterapia e atividade física; não ingestão de alimentos que causam má digestão, gases dores abdominais, distensão do intestino; cuidados com a saúde mental. “As pressões sociais são desgastantes para as pacientes com a condição. É recomendado procurar um psicólogo, meditar e orientar os familiares para entenderem melhor a doença”, explica.

O tratamento cirúrgico depende também da avaliação clínica. Algumas das principais indicações são: risco de infertilidade; comprometimento de algum órgão, função do intestino, bexiga ou uretér, ou obstrução desses órgãos; dor na relação sexual; falha no tratamento clínico multidisciplinar.

Laparoscopia ou cirurgia robótica são as indicadas pelo médico como tratamento cirúrgico para a endometriose. “Nunca é feita uma cirurgia aberta, como uma cesariana. A histerectomia também não é o suficiente para acabar com a doença. É preciso eliminar todos os focos de endometriose ou ela continuará a crescer”, alerta. Alexandre Brandão ainda finaliza dizendo que, mesmo com cirurgia, é necessário um acompanhamento clínico.

 


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