A fumaça proveniente desse tipo de combustão carrega micropartículas prejudiciais que irritam os brônquios, agravando crises respiratórias em crianças que já sofrem com alergias
Com a chegada do outono, a queda na umidade do ar e o aumento das queimadas elevam os riscos de doenças respiratórias em crianças, como asma, bronquite e rinite alérgica. Segundo o pediatra e diretor médico do Hospital América da Hapvida, Wesley Medeiros, a combinação de ar seco e fumaça irrita as vias aéreas, que são mais sensíveis nos pequenos, pois "contém partículas tóxicas que inflamam os brônquios, piorando crises em crianças com predisposição a alergias".
Para prevenir complicações, o especialista recomenda hidratar bem as crianças, lavar o nariz com soro fisiológico várias vezes ao dia e evitar atividades ao ar livre em horários de baixa umidade (entre 10h e 16h). Em casa, umidificadores ou toalhas molhadas ajudam a amenizar o ressecamento, enquanto a limpeza com pano úmido – no lugar de vassouras – reduz a circulação de poeira. "Medicações sem orientação médica são perigosas. Ao primeiro sinal de falta de ar ou febre persistente, é preciso procurar um profissional", reforça.
Apesar dos desafios, os cuidados simples garantem um outono mais saudável. "A estação pode ser linda e saudável com os cuidados certos. Proteger as crianças agora é garantir um inverno mais tranquilo, com menos idas ao pronto-socorro", conclui o médico.
Riscos do tempo seco + queimadas:
A combinação de baixa umidade (abaixo de 30%, segundo a OMS) e fumaça das queimadas age como um "gatilho duplo" para problemas respiratórios em crianças. A poluição por queimadas libera partículas finas (PM2,5), que penetram profundamente nos pulmões, enquanto o ar seco resseca as mucosas nasais – primeira barreira contra vírus e alérgenos.
Dados alarmantes:
• Atendimentos pediátricos: Um estudo do Instituto de Saúde Infantil (2023) mostrou que, em regiões afetadas por queimadas, as internações por asma infantil aumentam até 42% no outono.
• Umidade crítica: No Centro-Oeste e no Sudeste, cidades como Goiás, Cuiabá e São Paulo registraram umidade abaixo de 20% em 2024 (INMET), nível comparado a desertos.
• Impacto das queimadas: O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em 2023, contabilizou 76 mil focos de incêndio entre maio e agosto, com picos em áreas agrícolas – fumaça que se espalha por centenas de quilômetros.
Efeitos no corpo infantil:
Irritação aguda: Tosse seca, ardência nos olhos e sangramento nasal (comum em umidade <30%).
Crises crônicas: Crianças asmáticas têm risco 3x maior de precisar de oxigênio hospitalar após exposição à fumaça (Revista Pediatrics, 2022).
Sinais de alerta:
Sintomas que exigem atenção: tosse persistente, falta de ar, chiado no peito, febre alta ou coriza que não melhora.
Cuidados preventivos:
• Hidratação: incentivar a ingestão de água e soro fisiológico nasal.
• Ambiente: umidificadores (ou toalhas úmidas), evitar vassouras (usar pano molhado) e manter janelas fechadas em dias de fumaça.
• Atividades: evitar exercícios ao ar livre em horários críticos (10h–16h).
Quando procurar ajuda médica:
Sinais de gravidade (lábios roxos, cansaço extremo) e a importância de seguir o tratamento crônico (para crianças asmáticas, por exemplo).