Fundos de direitos creditórios somam mais de R$ 600 bilhões e despontam como alternativa estratégica para negócios com alto volume de recebíveis fora do radar dos grandes bancos. Setores industrial puxa a demanda
O ambiente de crédito no Brasil tem passado por transformações significativas. Diante da alta dos juros nos últimos anos, da seletividade dos grandes bancos e da rigidez nas linhas de financiamento tradicionais, muitas empresas vêm buscando alternativas mais flexíveis para garantir fluxo de caixa. Entre as soluções que mais ganharam tração nesse contexto estão os FIDCs, Fundos de Investimento em Direitos Creditórios.
Só em 2024, esse mercado atingiu a marca histórica de R$ 635,7 bilhões em patrimônio líquido, um crescimento de 42% em relação ao ano anterior, segundo dados da B3. O número de fundos ativos também saltou de forma expressiva, ultrapassando três mil no ano passado, enquanto o volume de emissões no mercado primário passou de R$ 212 bilhões. A captação líquida na classe mais que dobrou no período: R$ 113,5 bilhões, alta de 184% em comparação a 2023, segundo a Anbima. Mesmo os investidores pessoa física passaram a integrar esse ecossistema, com aportes que somaram R$ 15,9 bilhões no ano, um crescimento de 115,9% em relação a 2023.
O que explica esse avanço? Parte da resposta está na natureza do FIDC: um fundo que compra recebíveis (duplicatas, boletos, vendas parceladas) de empresas e antecipa esses valores mediante desconto, oferecendo liquidez imediata com menos exigências formais. Ao contrário de empréstimos bancários, que costumam envolver garantias reais, análise de rating e processos demorados, os FIDCs permitem uma operação baseada na performance da carteira de recebíveis e na capacidade de geração de receita da empresa.Além disso, permite atrair diferentes perfis de investidores, indo além do score padrão exigido pelas instituições financeiras.
“Para não dependerem exclusivamente das grandes instituições financeiras, muitas empresas de grande porte têm estruturado seus próprios fundos. Agora, com a redução dos custos desse processo, as médias empresas também começam a acessar e se beneficiar desse tipo de instrumento”, afirma Thiago Eik, CEO da Bankme, fintech que atua na estruturação de operações de crédito próprias para empresas, os chamados “Mini Bancos”. Segundo ele, a principal motivação por trás da procura pelo modelo é a autonomia. “A empresa consegue controlar taxas, prazos e política de concessão. E ao usar sua própria carteira de recebíveis como lastro, consegue capital com mais velocidade e menor custo operacional”, explica Eik.
A maior parte da demanda tem vindo de pequenas e médias empresas em expansão, com faturamento entre R$ 50 milhões e R$ 300 milhões ao ano, com foco em indústrias. Essas companhias geralmente operam com margens apertadas e fluxo de caixa sensível, o que torna a antecipação de recebíveis estratégica, que lida com mensalidades e sazonalidades.
A estrutura dos FIDCs tem evoluído significativamente nos últimos anos. Com a divisão entre cotas sênior, que têm prioridade no recebimento, e cotas subordinadas, que absorvem o risco inicial da operação, esses fundos passaram a atrair diferentes perfis de investidores. Gestoras especializadas ampliaram seu portfólio nesse segmento, enquanto investidores institucionais como fundos de pensão, seguradoras e FIDCs de fundos, voltaram a enxergar nos direitos creditórios uma forma de diversificação com risco controlado.
Ao mesmo tempo, a regulação do setor se tornou mais exigente. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e a B3 vêm reforçando os padrões de transparência, exigindo registro de lastros e segregação de risco. Isso demanda processos cada vez mais robustos e capacidade de adaptação das empresas que operam ou estruturam fundos. “A evolução regulatória é bem-vinda. Ela profissionaliza o setor e amplia a confiança dos investidores. Nosso papel é garantir que a empresa tenha todo o suporte para cumprir essas exigências desde o início”, afirma o CEO da Bankme.
Apesar dos avanços, o FIDC tradicional ainda permanece fora do alcance da maior parte das empresas. De acordo com dados da Anbima (2024), a estruturação de um fundo pode levar de seis a nove meses, com custos operacionais anuais que ultrapassam os R$ 500 mil sem considerar os aportes iniciais. Além do tempo e dos custos, o processo exige uma equipe dedicada exclusivamente à operação, uma governança rígida com aprovação de cotistas externos e um volume significativo de investimento antes que qualquer recurso esteja, de fato, disponível. Ou seja, trata-se de uma solução eficiente, mas ainda restrita a grandes companhias com alto grau de maturidade operacional e financeira.
Foi diante dessa lacuna que a Bankme desenvolveu uma alternativa mais ágil, segura e acessível. A fintech já movimentou mais de R$ 1 bilhão por meio de mais de 160 Mini Bancos em sua rede e aposta em uma estrutura enxuta e eficiente para democratizar o acesso ao crédito privado. Na plataforma, é possível operar em até cinco dias, com custos iniciais significativamente mais baixos. Todas as operações seguem padrões rigorosos de segurança e compliance: passam por auditoria contábil, seguem as diretrizes da LGPD, utilizam criptografia e contam com segregação patrimonial. “Buscamos garantir que o parceiro tenha segurança para operar crédito próprio com compliance completo, sem depender da lentidão do sistema tradicional”, conclui o executivo.
Embora o FIDC seja um instrumento relativamente antigo no mercado financeiro, seu uso por empresas de médio porte vem se intensificando à medida que o acesso ao crédito tradicional se torna mais restrito. Para muitas companhias, trata-se não apenas de uma alternativa, mas de uma nova lógica de financiamento: mais próxima da operação real da empresa, menos dependente de grandes instituições e com maior controle sobre o fluxo de caixa.
Ao operar via FIDC, seja com estrutura própria ou por meio de parceiros como a Bankme, essas organizações conseguem acelerar projetos, negociar melhores prazos com fornecedores e até ganhar fôlego para crescer sem depender exclusivamente do sistema bancário. “Estamos vivendo uma descentralização silenciosa do crédito no Brasil. E ela passa pela capacidade das empresas de operar seus próprios mecanismos de financiamento, com apoio técnico, jurídico e regulatório qualificado”, conclui Thiago Eik.
Esse movimento tem sido fundamental para a manutenção da saúde financeira da economia em um cenário de alta volatilidade e juros elevados. Sem o avanço do crédito privado, especialmente por meio dos FIDCs, o acesso ao crédito estaria ainda mais restrito e oneroso
Sobre a Bankme
A Bankme é uma fintech que ajuda médias empresas a destravar crédito e melhorar o caixa sem depender de bancos tradicionais. Por meio da criação dos Mini Bancos, também chamados de Smart FIDC, as empresas passam a operar como seu próprio banco, podendo antecipar recebíveis, financiar clientes e fornecedores e rentabilizar melhor seus recursos. O processo é simples, seguro e todo regulado pela CVM: a empresa pode usar capital próprio ou de parceiros do seu ecossistema para financiar suas operações, reduzindo custos e criando novas fontes de receita. Com tecnologia e inteligência financeira, a Bankme já estruturou mais de 160 Mini Bancos em todo o Brasil, permitindo que médias empresas cresçam com mais autonomia, eficiência e controle. A fintech tem registro na CVM e é apoiada por fundos como DOMO VC, Apex Partners e Bamboo, impulsionando o acesso ao crédito inteligente e personalizado para empresários brasileiros
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