O uso estético do polimetilmetacrilato (PMMA) voltou a ser alvo de críticas em audiência pública realizada na Câmara Municipal de Goiânia, no dia 20. O presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia – Regional Goiás (SBD-GO), Samir Pereira, participou do encontro e defendeu com firmeza o banimento total da substância em procedimentos estéticos, alertando para os riscos graves associados ao seu uso.
A audiência foi proposta pelo vereador Dr. Gustavo (Agir), presidente da Comissão de Saúde e Assistência Social da Casa, e reuniu especialistas da área médica, pacientes e representantes da indústria. Também participou o cirurgião plástico e conselheiro por Goiás no Conselho Federal de Medicina (CFM), Marcelo Prado, que reforçou o posicionamento contrário ao PMMA.
“Os riscos superam em muito qualquer benefício alegado. Estamos falando de um produto que pode causar complicações graves locais deformantes como necrose tecidual e complicações sistêmicas como hipercalcemia e insuficiência renal”, destacou Samir Pereira, alinhando-se à posição do CFM, da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), que também defendem a retirada definitiva da substância do mercado estético.
Durante a audiência, pacientes que sofreram complicações após o uso do PMMA em procedimentos faciais e corporais relataram experiências traumáticas, marcadas por mutilações, dores crônicas, alterações na pele e sofrimento psicológico.
Um representante da indústria defendeu o produto, atribuindo os problemas à imperícia de profissionais. A justificativa foi refutada por Marcelo Prado, que frisou que o problema não está no profissional que aplica, mas no produto apresentado como um preenchedor ou bioestimulador. “O CFM e a SBCP já alertaram que o polimetilmetacrilato não tem nenhuma indicação de uso”, disse.
O vereador Dr. Gustavo apresentou um projeto de lei para fiscalizar o uso do PMMA nas clínicas da capital. Porém, tanto a SBD-GO quanto a SBCP-GO sustentam que apenas a proibição total pode evitar novos casos de complicações graves. “Não se trata de uso incorreto, mas da inadequação do produto em si”, concluiu Samir Pereira.